eu de mim

27 dezembro 2006

entre eu mesmo

23 dezembro 2006

em Telêmaco Borba


é uma vontade de saber donde ela saiu pra ver tudo comigo. pra ver tudo com ela. ela que chama pra junto de maneira mais que provocativa. ela que se faz dela no meio das tamanhas alegrias e desvios de um dia de semana. pra ela o desenho. pra ela um tudo de mim. um rascunho de riso. um vasculho de coisas minhas que estavam perdidas. dela que chama pra mais de uma camila.

20 dezembro 2006

conversinha de bar

o título no diminutivo não leva a importância do fato. o fato é que teve importância. ali, conversas paralelas. observei a todas. sem que me desse conta ao certo do que estava passando tudo ali. mas era mais uma confraternização de bons amigos. mais chegança. mais aconchego nos braços dali. mais que nos pudesse ser dito. e como é difícil dizer! e como é tamanha a montanha que nos separa. sentidos. dimensões. simbolos e tudo o mais. mais que trinta. quase lá. mais do que você pensa, tolo intelectual. vi o cruzamento de dizeres. cada um no seu espaço. mudando de espaço. mesa. mudando de cadeira. mais que trinta lugares. mais que nós no meio dali. e cada um se dizendo. se convertendo em si. se querendo dizer. se desdizendo muitas vezes, o que é de boa feita! deu até a moça flertando com a vizinhança da casa. até isso! as situações são de modelo para ser seguido. o próximo. o lado. o bobo. mas deu mais que isso. deu para ver do que as pessoas ali se fizeram. se fazem. deu para observar pra quantas andam o torpe desatino. mas também senti falta de luiz e diogo. o que nos deixa para uma próxima. mas também tinham tiago, cassandra, rafael, chris e fátima. revezamento de funções marítimas. à proa. ao convés. no convencimento de que tudo é um desfecho pra mais que beleza. e que daqui pra frente quero as coisas no seu devido lugar: desorganizadas. eu, inventador de línguas. de significados. dos diabos com as cruzes mal feitas. pros diabos aquele todo auto-convencimento de que a vida é pela metade. mas é mais que isso, é mais que uma dúzia de números telefônicos que me levam ao diálogo contigo. quero mais é comigo. estou mais aqui. mais pra mim. felizmente sou eu no espelho. mais ninguém. felizmente é o espelho de pessoas envelhecidas, inclusive você. inclusive eu. todo eu.

18 dezembro 2006

trecho de carta

(neste domingo, a procura de vestígios de escritas e cartas antigas, reli uma em que ronaldo conversa com a minha mãe um pouco antes d´eu nascer. é dessas cartas cheias de acarinhamento e encontro. dessas cartas que me convence que uma certa inocência é bem possível no meio de tanta intolerância e burrice. dessas coisas que me comovem por um dia inteiro).
"Minha baía
Esta é um carta a jato. Eu tinha escrito uma grandona, cheia de coisas bonitas, mas a perdi.
Mas o que as duas podem dizer é que estou com saudades suas. Legal. Por favor, tire um retrato seu, como está agora, de cabelos e barriga grandes.
Amanhã verei 2001 com N.C. Braizinho e Nilceba andam sacais. Sei lá, mas às vezes eu fico com saco cheio dêles.
You are giving a flag (você está dando bandeira) saiu no Pasquim. Como é nôvo no meu vocabulário eu estou escrevendo em todo lugar. Não se grile.
Ó, Baía. Estou doido por vê-la e ver a sua semente. Eu sei que você é bacana e gente à bessa e por isso a gente sempre vai tá junto, né? Você nunca vai me perder, enquanto tenho certeza que nunca te perderei, né?
É o seguinte: eu tenho me procurado à bessa com as drogas. Acho que elas estão ficando velhas e criando um país de rotinas. Quando aquêle mundo de verdades que a gente imagina estiver construído, eu acho que o vício será abolido.
Tem muita coisa fora de lugar prá gente arrumar, mas primeiro a gente tem que virar as circustâncias. Não se amole se eu estiver sendo chato, tá?
Ó, aquilo cocê disse na carta que espera no máximo até dezembro é bacana, pois eu tb. não quero esperar muito.
Mil beijos, milhões de abraços, bilhões de
carinhos
do seu irmãozinho
nenenzinho
Ronaldinho
Ó, responda-nos que a próxima carta quem te escrever será quilométrica, contarei tudo e verei
tôdas as coisas para os meus, os seus, os nossos
olhos."

11 dezembro 2006

Jamelão, o cão

Ei-lo, Jamelão
Rabo dançante
Sambante
Corpo em agito
Gosto pela rua
Nome da rua
Jamelão do sambista carioca
Agora, jamelão do sambaqui
Do que não late
Se balança todo pra dizer pra que veio
Lambe daqui
- chega pra lá!
em cinza de pêlo
clama-se cão de rua
pra rua diante da porta
pra fora
ele que é mais pra fora do que pra dentro
externo
mais chegado ao devasso dos jeitos
vontade de comer o tudo do mundo
Jamelão pra lá
- Jamelão, aqui!

08 dezembro 2006

07/11/2006

isso de ser daqui me chama
e acoberta dessa bagunça burra
que acelara os açoites dentre aqueles que se fazem por perto.
dentre aqueles que se fazem de perto.
dentre aqueles que se fazem perto.
esses que se fazem espertos
que falso reclamam dos maltratos do mundo
pobres criaturas que se infernizam delas mesmas
diante do espelho no espetáculo do cotidiano
e que se desfazem do abraço
e que se lançam ao desespero dos labirintos semânticos
corrompendo o novelo de teseu, e chamando a criatura aos berros!
- venha, devore minha carne. sucumba à temperatura de sua acidez e sal. venha e me veja como sou mal-criado. não quero aceitar esse manjar que colocam sobre a tal mesa muito familiar. não venha com cerimônias pois senão quem te devora sou eu. eu que me arrebento no meio dessas luzes inviesadas de falsos gentios. eu que pareço levar a sério a proposta sobre a tal perspectiva de que somos menos pecadores quando acariciamos os céus. então, venha e faça o que é por merecido. cague-me todo. vomite-me, se for preciso. faça-me mais digno dentro desses dias de tão pouca salubridade. cega-me. cale-me. e avisa ao homi que aqui não tem tema de teatro ou coisa mais porca. avisa que não quero telegramas ou mesmo emails de felicitações. coma logo, porra! azeite os dentes e força a mandibula ao esforço dos ossos.