eu de mim

26 outubro 2006

batista brasileiro

escrevi isso num surto de saudosismo colegial, que vez em quando me assombra e me espanta na possibilidade do que era, ou mesmo do que quis ser num bom tempo em que andava da uruguai pra conde bonfim. é um fragmento de imagens recortadas, e que significam retratos sem moral definida...

que tal começarmos tudo de novo? do princípio. na tijuca. conde bonfim. debaixo das jaqueiras. na espera pelo recreio. no pátio de chão vermelho. bebendo o cloro da piscina. fugindo do dia 7 de setembro. empuleirado na sala da tia gedida. assistindo todas as aulas. ficando semi-interno pra curtírmos o estudo dirigido. na fila pro refeitório. na fila da cantina. pro bom dia bem sonoro do seu Hélio. que tal, voltarmos com 08, 10, 15 anos?! por um minuto que fosse. enfileirados no começo das aulas esperando sermos chamados pelos nomes para o caminho das salas novas. o retrato de fim de ano. o bafo-bafo. o pique-beijo. o namorico nas escadas e corredores. o som dos corredores. o sinal tocando. as intermináveis aulas de matemática. eu ficando de recuperação. os cdf's que um dia fomos. os vagabundos que um dia poderemos realmente ser. saudade, caramba! saudade de menino que voltava pra casa com a camisa aberta no fim da aula.
Gil, nov. 2005

assobiações

desassobio o verso medrado
o verso coitado
desalinho a voz buarquiana
converto-a em passarinho de aninhação
numa canção de pouco uso sentimental
desassobio o verso cantado
no verso contado
descolado da rima
desentendido com a métrica
falta de ortografia
mas assobio mesmo assim
pra ela que faz assobiar pra qui.

camiliei

teu cheiro em mãos.
teu gosto em língua.
tua pele em pele.
epiderme madrigal.
cabelos como teias que me executam como presa.
tuas mãos cruzadas às minhas:
leveza e rigidez.
tuas mãos que parecem minhas - unhas e farpas.
olhos de mergulho,
sem a visão do salva-vidas.
nem âncora de superfície
que pese pro fundo.
mergulho sem volta.

quero envelhecer entre coisas novas
que não caibam na palma da mão.

20 outubro 2006

sexta

15 outubro 2006

rio-vitória

é tão mais óbvio daqui!
quase mais claro que aquela viagem de tantos anos atrás.
foi em férias de julho ou dezembro, agora não lembro, que sentia vontade de ficar mais na estrada do que no ponto final. gostava das paisagens da manhã. das gentes se acordando num movimento de cotidiano. sensação de estrada. barranco. visão de montes. vistas de placas. direções. tinha a parada. o gosto do pastel. o cheiro forte de mijo no banheiro masculino. éramos aquelas pessoas indo para lugares distintos. olhava o movimento dos cafés. daquelas pessoas que gostavam do café. me parecia bebida de adultos. o mixto quente. o misto quente em diferentes ortografias. óleo diesel. o som da partida dos motores. era assim que me chega tanta descrição. chegavam cada vez mais ônibus. kilômetros. cada vez mais passageiros indo para seus interiores e capitais. éramos diferentes em iguais paragens. também tinha a cor do barro. o menino e o barro na ânsia de querer enxergar mais do que aquele janela ali mostrava. ir pra fora. as pontes. correr o rio debaixo da ponte. era passagem de uma só parada. paragem de muitos pés. asfalto. o tombo da roda sobre o buraco. a busca da chegada. essa ansiedade de se reconhecer em quem se esperava chegar. chegamos pra muitos lugares além daqui.

11 outubro 2006

seis

nilson

bop bop bluba bop blem blu

05 outubro 2006

esboço de mim