eu de mim

29 setembro 2006

meninice pra minhas vilas
coisas alfabéticas
coisa pra mais de um lugar
meninice de vasculhar o canto do olho pra ver mais o que posso enxergar
para os meus diferentes eus
fazer verniz
luzir o tal brilho do começo dos anos
amontoar contos
conhecer saberes
para mais saber do meu lugar
no susto das coisas
no principio do nome
das cidades que crescem sem saber pra mais lugar
do viaduto
da rua
calçada de falsos cidadãos
de vãos
meninice para recriar o balanço da roda
o absoluto prazer de saber o que me cabe aqui
o raso
no frasco de poucas variedades
o risco das mãos
ouvido do mundo
raspa de troços
muro de ruas
meninas na calçada pra mais quem quisesse saber
dos seus segredos
logo ali, pra mais perto daqui.

28 setembro 2006

ronaldo


recebi este desenho ontem. retrato de um jovem aos 28 anos.

desenho: Braz Louzada

25 setembro 2006

o lá fora


pra eu di eu mil lá fora me veja aqui para mais de mil mins mil eus que cruzam espaços e soltam de si pedaços quebrados quebra-cabeças de uma peça e laços de fitas que enfeitem cabelo camila enfeitem ela por inteiro que me faltem mais dela praqui colocar o devido desuso do flerte e que sempre me caiba bem ao corpo alma e mais o que possamos inventar de nossos eus tortos e sintonizados movidos ao nós de direções primaveris que se acabam pra renascer em outros de nós num bar de alegria comum e simples feito brinde de amantes da vida que se somam pra correr ao abuso dos abraços e desenhos que faço.

24 setembro 2006

ventiladores

21 setembro 2006

(foto: Goreth)


não é que na foto seja a goreth, o que seria de pouca explicação a foto, mas a foto foi tirada por ela numa das prais do Maranhão, que aliás é a terra dessa vaca, não a goreth (que também é maranhense), mas da vaca em questã. é o passei a pé da vaca. banho de sol. falta pasto no maranhão dos sarneys. ou não, murilo?!
mas é vaca ou boi?! fica a questã. relevante questã. tão relevante quanto saber pra onde o tal bicho tá indo.

nomes, lugares e coisas

manhã soleira porta janela saída formiga bodoque arara sarará saravá colméia edméa brasa braz paralelepipedo ruela rua sanfona perpedigno pandigo pandeiro nomes jasmim girassol camila pero vaz de caminha luis filipe sandália beija-flor horizontalmente árvore montanha monte verde mato ronaldo cadarço guitarra tarcila contra-baixo som zunido zumbi mão loucura suicídio moleira verbo bactéria bateria biologia seixo seixas raul la paz victor gilfredo carrasco rivera minas gerais mariana ouro preto raiz belô nascimento rebento sem lenço nem betânia sonolência documento garrafa livro armário sol equinócio cd cabelo queixo cabeça vão andorinha jamelão chicão novamente sanfona flauta banjo vazio bunda ócio osso rio rio de janeiro florianópolis leonardos estrada viagem saudade paixão desenho esboço traço caminho passo meu samba sonho amigos aguardente rafael e chris palavras jogo nada vulto sombra cara rosto face faca lâmina corte sorte vida abraço você deserto goreth noite madrugada tempo rosa jean victor mauro marcelo chamon meninar praça futebol tijuca sendas bola gol partida chute novo gol condimento nara comida gnhocci fígado de boi purê feijão a comida da minha vó corredor jesus pecado francisco de assis coisa sim eu mim imaginação batista brasileiro cassandra contra-mão chuveiro água vela escuro criança muro galho fita parapeito diogo amarelinha susto surto solto bicho canela ipê folha tiagos verde paz e amor os anos 60 e 70 o disco album branco dos beatles lô borges tios a mãe o espírito santo, amém. e o salmo 21

15 setembro 2006

ao luiS(z) FelipE

meia dúzias de coisas

minas meias
meio de coisas
todas as prosas do mundo
fundo
caminho
camilas afins
e dúzias de meias pras coisas
feito qualquer coisa sem fim
queria as coisas sem isso
sem disso de dizer minha censura de agora
qualquer meio tom
e agarrar as palavras como veias carnudas que se fazem pulsar pela vida.

08 setembro 2006

acordando

mas o que acontece num dia como esse?
não existe reza
faço fezes de fatos
rostos decantados dentro de uma garraga de coca-cola
e todas as nuvens recobrindo paisagens obvias
tudo com sono
perambulando dentro de almas vadias

07 setembro 2006

a morte de abigail

morte no escuro
furo de bala
corre por escuro
foge da cara
medo de tiro
risco de morte
corre pra vida
mas não esquece a segunda via do passaporte

mas quem que matou abigail no corredor?
quem que se faz de mordomo em dias sem carteira assinada?!
falta o carimbo de quem matou tal criatura
falta a digital do crime
falta o raso da piscina pra encontrar o corpo
mas quem conhece abigail que morreu num dia de velório?
quem viu abigail sorrir pela última vez?
de quem e para quem ria?
quem sabe dela?
virou santa ou escárnio dos faristeus?!
morreu seca
moribunda
carnívora
morreu pra lá de muitos dias
quem foi ao enterro da tal menina?
morreu de bala?
de susto?
de inveja?
de pulo?
morreu pro mundo?
envenenada?
sufocada?
afogada?
qual a morte de abigail?
de desejo?
de bocejo?
morreu de si mesma
morreu olhando pro espelho
caindo no escuro

01 setembro 2006

beijo selo

não se pode o beijo dá-lo
não se pode o beijo sê-lo
evocá-lo, não pode
desejá-lo, também não
mas se quer o beijo
mas se tem o beijo
não se pode vê-lo
nem querê-lo
mas o beijo foi dado
mas o beijo não pode
mas o beijo não sê-lo
mas o beijo podado
mas o beijo quer sê-lo
o beijo - fugi-lo
o beijo foi sê-lo
foi dado
arrancado
amordaçado
o beijo acabado.

nov. 2003