eu de mim

18 julho 2007

dorival

ontem fiquei de escrever algo sobre a sensação de escutar por mais uma vez dorival caymmi. é um tipo de música que me leva pra dentro do quarto do som philipps da casa da tijuca, em que o velho braz vez ou outra colocava na velha vitrola seus músicos. lá pelas tantas caia sempre um luiz gonzaga, um dorival caymmi, um carlos galhardo, francisco alves... pessoas de anteontem. a lembrança cativou minha distancia desse tempo, me trazendo pra junto dos gostos de outra hora. nesse meu exercício de lembrança, o escuro das coisas se faz de outra maneira. o braz não escuta mais desses homens cantadores, pois seu tempo de hoje parece ter levado pra outros lados que não mais disso aqui que escrevo. a velha vitrola não existe mais. os discos estão lá empilhados tomando poeira e tempo. qualquer hora abraço pra mim aqueles vinis cheio de dedos, e riscados pela impericia das mãos incaltas do velho. ontem tive dificuldade em terminar de escutar aquele caymmi, que não estava mais em vinil, mas num cd que reproduzia um antigo álbum de 1964, quando o tal cantor e compositor "visitou" tom jobim. parei na música saudade da bahia. voz de cantador. voz do avô.
que tempo mais estranho em que esses traços de memória se tornam dor contínua!

12 julho 2007

medo em dia

o abraço medo
do terço de metáfora
cai sobre a mesa muito familiar
e se descobre fazedora do tamanho de gente
que cá se mostra
medo dá pois da sua pele muito se esconde
epiderme fétida e lacrimosa
acuada e presente
desse medo que é pouco de tudo
saco velho
o bode expiatória que mora no inferno
que ri pra mais sátira criar de si
do verme que afaga as entranhas
escavando tecido pra lá criar morada
no quente das coisas
que pouco fala
mas que é muito de ouvidos
resignando o corpo numa fechadura cega
em que o corpo vigia sua dor
e trafega rumo ao escuro de si.

09 julho 2007

(...)

o que há de ti, homem?
disso que trafega e cruza acidentes?
quem de ti que não sou mais?
qual de vocês sonhados por mim?
desse mais que pai
disso mais que amola velha lâmina
quem mais por aqui que assombra tantos quartos?
e que sucumbe a fortes pesadelos
qual mais metáforas?
sem daquela análise do filho fraco
do riso raso/(((((((((((((((((manso)))))))))))))))))
da mãe torta pela cama
do tio morto na cozinha
nem mais um desses personagens que se fazem fama
parece mais valer sair de cima de tudo isso
pra cair molambo das coisas mais vitais
do aperto de pele
desse gosto de azedume
pois isso exige mais de um homem
pra que se construa tua própria história
conseguindo do menor lamento
o melhor por agora
daquilo que alivia o que não serve de álibi
de tal dor que cumpra seu fim
e que carregue tudo pra fora do homem lá fora.