eu de mim

09 agosto 2006

conversinha

não que fique fechado. não me sinto desta forma. nem trancafiado em qualquer lugar. e também, não fico em algum lugar marcado. nem mesmo calado. pelo contrário, o vulto do silêncio é uma víbora que resulta em morte lenta. mas também gosto de tal ofício. exijo um pouco dele a maneira certa de me dizer algumas falas. no silêncio me crio. mas isso não quer dizer que iniba minha vontade de viver qualquer coisa. o negócio é o seguinte, se me exponho da forma que me exponho é porque me sinto devedor de mim para fazê-lo. muitas vezes não me censuro em dizer das coisas. muitas vezes erro por fazer isso. falo-me num critério de amarrações cotidianas a que estou atado e vivendo. o gosto desse tipo de expressão me revela sobre mim mesmo. o que escrevo diz respeito a esse exercício. é uma análise livre. vagabunda. sem critério. cambaleante. o que quer mesmo é descobrir a quantas ando por aí. a repetição me acompanha como ritmo das minhas paisagens cheias de memória. é falar comigo mesmo. estabelecer uma conversa franca com todos aqueles que vivem aqui. o corpo. o dedo. os ossos. pés. algum volume de alma. vários de mim. e por aí vão. não faço de mim literatura, mas um rascunho que saiba, de alguma forma, traduzir os montes de minhas coisas. sim, são para mim. mas também para quem dela queira se perguntar. vou jogando com esses sentidos para mais perto poder chegar a mim. mais vizinho. mais aqui. mais pra dentro. pro fundo. mais de mim, pois estou um tanto cansado de ver através dos outros minhas tolas expectavivas. quero ser esse conhecedor de mim. então, que cheguem os corredores, suas portas, janelas, condomínios, grades, porteiras, e tudo mais que possa compor um cenário do que criei para mim.