eu de mim

26 julho 2006

cruz credo


as cruzes e o menino do corredor. o menino corre. a cruz se avança. morde carne. moedor de carne da vó. sucumbe ao desatino daquela enferma criatura. a casa mumificada. antiga. sem quintais. grades. e o corredor que avança em metáfora. é longe. corredor dos mortos. para os vivos que dele se observa. têm os quadros. e aquele cristo de mãos abertas em gesto de obrigação de fé. as chagas. o olhar daquela figura entristecida por tamanha carga de culpas. aquilo desafiava tal criatura a se perceber como vivente dequele espaço de loucos. sua loucura: redenção aos vivos. mal sabe que aquilo ela carregará até os dias do juízo final. o corredor leva aos quartos. mortos aposentos que se articulam numa memória de 35mm. o juízo final àquela tormenta de sentidos. não tem a casa. o sol dos vivos. os vidros da janela com olhos. a casa viva. engole. engolida. bestifica a noção do tempo. e avança sobre a sombra que dela se faz a tarde. as paredes riscadas. cor branca. assombra. assunta comentários infiéis a respeito de seu tamanho. casa de 70m2. medida. arrancada do espaço de outras gerações. elabora a química da insalubridade ao cadáver suicída. e mais uma vez arranca essa memória. estirpa o conto maldito, de mau gosto. a tumba. o cubo de imagem da tv de domingo. sufoca todas aquelas almas incomunicáveis com elas mesmas. sufoca essa agonia. desarticula o verbo da paciência. esgrima. touche. fim de cena. espetáculo santo. rito de exagero. santo exagero. repito. exagero de imagens carregadas em cores desproporcionais. melhor é mudar o canal. a lástima. a ladainha. o latin. o latido desse cachorro desconfiado dos senhores que lhe colocaram nome e condição.