eu de mim

11 abril 2006

a belina de humberto

era mais uma vez em que esperava o final de semana acontecer. isso com mais ou menos pouca dúzia de anos. toda uma vida ainda pra se saber. era sábado e domingo a bordo da certa belina branca, anos depois, cinza. corríamos, se é que dá para dizer isso, pela manhã ao encontro do chamado do tal automóvel. às vezes 4, 5, 6, muitas vezes 9 pessoas, entre dois adultos e o resto de crianças metidas a sabedoras do mundo a sua volta, dentro daquele pequeno-enorme espaço. sim, 9 pessoas, pois não esqueçamos que a belina era uma carro que havia um bom espaço no bagageiro. ainda mais pra crianças sabedoras do mundo no seu pequeno corpo de 12, 13 anos de idade. estávamos todos lá. muitas vezes percorríamos o caminho da tijuca para o alto da boa-vista em direção à praia da barra só pra vislumbrar um pouco o tamanho das curvas daquele caminho. a palavra, insisto, é caminho! trilha. andar. numa velocidade em que a belina dificilmente passava dos 60 Km! forçar a máquina nada tinha a ver com o estado de espírito que corria ali dentro. precisávamos de calma. as coisas acontecem bem devagar! eita mundo mais cínico! correr já era preciso, mas não dentro daquele espaço metálico sobre 4 rodas! mas voltemos a falar do caminho. eram subidas, curvas, um tanto de mato ao redor. e um bando de crianças pouco sabedoras do mundo. mas tinha ruth e humberto fazendo os caminhos. mas tinha a destemida belina bebendo combustível pra se fazer um tanto de estradas. éramos nós ali na condição de passageiros iniciantes e provocados pela nossa função natural e essencial de infância. era outro tempo. e bem que podia ser novamente esse tempo agora. as nossas cheganças frente uma enormidade de fundos e escuros que estavam por vir mais adiante. e aquela belina que já foi branca e cinza, é uma metáfora que nos sinaliza um tempo de memória. um tempo de volta. é nossa máquina do tempo. lá já estiveram, além de ruth e humberto, sol, jean, beto, mauro, andréa, marquinhos, andreas, lucas, ana paula, katia, flávia, cacá, gil, leonardo, entre outras criaturas que se faziam entre uma parada e outra daquele veículo. há tempos que essa belina não existe mais. há tempos que fiz uma última viagem já em outro tempo com outra geração a bordo do velho veículo. há tempos que tenho saudades de uma penca de coisas, agora acrescida a mais essa, principalmente pela falta que me faz a belina, daquela bagunça de crianças-adolescentes que se fizeram história de uma hora pra outra, e agora do velho humberto que disse chega pra tudo isso, e foi pra outras paragens quem sabe mais distantes e interessantes das que ele nos ensinou a fazer logo quando tudo era mais lúdico e simples.