eu de mim

06 abril 2006

carta do eu principiante



minha cara dura leva pra mim a vontade do eu ser mais que uma caixa de informações. mais que qualquer divã de psicanalista. o eu daqui não se auto-analisa. nem se penitencia sobre os verbos contados numa gramática tosca. a intenção é mera vontade de exposição. o avanço das idéias, que por acaso aqui podem acontecer, figuram como ritmo da intensidade dos devaneios cotidianos. é vontade de ensaiar. vontade de teatralizar a palavra sem que haja palco necessário de mostrações. os erros serão cometidos. e bem cometidos, por sinal. pois não me furto a esse direito! toda a incerteza é valida como condição para o sabor que a existência nos expõe. não que erre propositalmente, mas é interessante do erro, pois é nele que me faço mais perto de mim. mais posso ser eu mesmo. mais posso me criticar. posso me ver sem falsas idéias ao meu respeito. erro, e pronto. admito que qualquer dúvida que esteja em mim é parte de mim. não costumo comprá-las, elas são de graça. e por isso, só por isso, caio na rede das minhas próprias contradições. me examino. me espio. mas sem condenação prévia. não acuso palavras mal escritas. elas são o que são. muitas vezes sem o esforço necessário para a erudição. pois digo que não sou afeito a tal endereço. quero mais a exposição pelo chão das coisas. por elas mesmas. mas sem redução. e tudo mais é invenção pra que as coisas fiquem mais suaves, mais pesadas, mais fincadas, mais no couro, talvez na penumbra. quem sabe de mim sabe que o dito aqui é mera vontade de saltar meu espírito pro finito de mim.

1 Comments:

Blogger Otávio Anacleto said...

"a intenção é mera vontade de exposição. o avanço das idéias, que por acaso aqui podem acontecer"

e meu caro acontecem com frequencia
nos maiores devaneios surgem frases que de tão "belas" merecem ser expostas.

Abraços

10:38 PM  

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