eu de mim

07 abril 2006

de uma escrita de 1997

costumava escrever mais aos amigos. era desejo de estar mais perto. sondando os avisos que pudessem me dar sobre o que passava com eles. o que havia passado também comigo. escrevia cartas, poesias postadas. às vezes toda semana uma carta. mas também foi o período do meu "exílio" em curitiba. cidade que nunca fiz parte. espaço sempre provisório. aos poucos as cartas e seus recados foram rareando em vontades de permanecer atento ao que me acontecia. aos poucos fui me deixando menos escrevinhador de amigos. depois descobri a internet! bela descoberta. possibilidade de escrita instantânea. chegar mais perto. traduzir pra agora aquilo que me passa. mas o caso é que estou querendo mostrar algo que escrevi há tempos atrás, e que acabei não enviando para um desses amigos. agora o faço para desobstruir um pouco mais das saudades que se somam por aqui.
Estão indo pra vocês
cores sem forma
ou fôrma
cores em liberdade
de formas
e que convém
serem escritas
com palavras, e serem
ditas ao silêncio.
cores de liberdade.
formas em liberdade.
e a vida como força de liberdade.
a liberdade do vento.
a mesma liberdade sem asas.
mas o desenho parece estar preso ao papel.
porém, já se esvai na imaginação.
o desenho em movimento,
mas que segue lento
ao tormento do pensamento.
o desenho pede vento
que sopre suas linhas
para mudar de posição,
mas o vento não entende o pedido.
e o desenho perece
como aquela memória sem quase memória.
e toda memória é sem cor,
sem forma ou desenho.
a memória é um sentimento
que fornece saudade pra um tanto de cor.

dezembro, 1997