eu de mim

19 agosto 2006

soleira de morte

são aquelas felicidades alheias que me interessam... aquelas sem retrato com pose! aquelas sem falso sorriso da tal felicidade comprada num supermercado de inconveniências. que se cheguem pela fresta tal como são. sem fita. interessam chegar na carne. no fio da pele. saibam como ler os recados deixados no canto do olho. sejam felizes para que se prezem. pra que se agüentem num dia de civilizada etiqueta . mas saibam de uma coisa, o que mais atenta por aqui é a relutância do rasgo. o risco. aquele riso forçado. aquele grosseiro desvelo de bom comportamento. aquilo afronta meia dúzia de guerras civis. não me cheguem como israel sobre beirute. não me venham com essa de vítimas gentis. assumam os ralos. as ruas. avenidas de contra-mão. assuntem mais que ratos. engulo para vocês um pouco mais de raiva... daquele mais que ressentimento pelas coisas nunca ditas. assumam suas fezes. fases. consumam-se num registro de gás. mas não te afastem do compromisso da tal felicidade. vejam que daqui consigo ver um pouco melhor os traços de uma cidade ilhada. o rabo de luzes que se fazem nesta noite de sexta-feira. um rastro de gente saindo pra beber. bebericar junto à conversa ilustrada dos gentios mal compreendidos. vejam como fica mais fácil falar daqui. vejam se falo daqui! claro que é um esconderijo malacabado, tal como esta conversa fiada. os sonhos têm me assustando um pouco. quero dormir menos. quero acordar pouco. é toda essa eletrônica de emails, orkuts, palavrinhas que não se comprometem com o que são, que acabam findando um dia inteiro frente ao consumo da tela do computador. fico parado, pensando, e tantando refletir sobre a condição de não haver vizinho. não haver ouvido. talvez a vítima não seja eu, mas aqueles que elegi como meus algozes. os verdadeiros culpados. super-heróis sem fantasia. sem vôo. sem acrobacia. seres finitos. sim, as pessoas que amo são finitas por elas mesmas. morrem. morrerão. eu também. mas quem me são? quantas delas terei de agüentar partir para mais lembrança assombrar?! quantas delas ainda quero por perto?! não tenho tanto receio da minha morte, mas sim a do outro. daquele que já veio e se instalou. daquele que me tomou pelo braço, e que amo. tá a vida cheia desses retratos jogados dentro de porta-retratos, álbuns, caixas, restos de memória... tá o cheiro pela casa me assoviando passarinhos noturnos. são os cães também que irão morrer. é a gata. o quintal. será que este bicho eletrônico fica? resta ele pra saber mais... até meu pai que nunca fiz já morreu! a morte me exagera. me grita. vasculha qualquer verbo a mais que se possa tomar pela mão para cair ladeira abaixo. que se acalmem os retratos de todas as caixas. pois os túmulos estão todos abertos. visitados nesta noite de hoje. os mortos dançam sobre a cabeça. e velam o corpo do vigía desta noite.

1 Comments:

Blogger c. said...

por que te amo!

4:05 PM  

Postar um comentário

<< Home