eu de mim

09 maio 2006

Ibirama


aqui pra contar ibirama. experiência sobre ibirama. mas do que é isso? do que é feito? me vem também a seguinte questão: do que sou feito? feito pra quê? quem tem ibirama por aqui? dessa experiência tomada a oito mãos dentro de um espaço em que se conta a violência nossa de cada dia. daquela que a tal sociedade não se quer assumir. existe em ibirama um grupo de indígenas da etnia xokleng, e com ela os habituais conflitos sociais, raciais, econômicos, culturais, e tudo mais que essa sociedade inventa pra não querer se ver! pois é desse sentimento que tenho pra mostrar. a impressão da inexistência da sociedade rousseauniana. do bom selvagem que não existe. da selvageria humana que é inerente à nossa existência. desses caminhos que humanidade tomou sem se dar conta do tamanho da sua arrogância. pois em ibirama tem alemão, xokleng, e pessoas mais que agora não me denunciam sua existência. pois existe xokleng reclamando dos alemão daquela terra. simplesmente não são aceitos. mas acho que existe também a dificuldade de se aceitarem como são. pois antes da condição de índios, existe aquela condição quase que determinante de pertencentes de uma classe social. são pobres. empobrecidos. índios empobrecidos que vivem dentro da lógica civilizatória ocidental. índios que não mais são, se é que me entendem... mas é claro que posso estar errado nesta análise barata e sem profundidade. é só uma versão/interpretação possível que os meus sentidos perceberam na primeira aproximação. não quero com isso dizer que estou também inventando qualquer tipo de realidade, apenas consigo ver o que o discurso utilizado por eles (os xokleng) me deu para conseguir chegar até eles. eita condição mais desconfortável essa de alguém que chega de fora cheia de conceitos pré-elaborados para querer dizer que o mundo como está não dá para continuar! eita, minha arrogância! santa ignorância de repetir alguns dos meus professores, querendo cuspir respostas a serem anotadas e firmadas num cartório de verdades servidas no banquete da razão. da ciência que fuma e bebe a leitura de um mundo preso a si mesmo. que inventa pouco. que brinca menos ainda. eita que ibirama é um mundo de conflitos! disso nenhuma dúvida, pois é claro que a tal améria latina se faz de uma história recheada de contradições em ser ou não ser européia/civilizada/branca/ordeira/evoluida/moderna e tudo mais que possa significar estar longe de suas origens. é querer se desconhecer por completo. quem sabe ibirama não tenha qualquer coisa disso? saber de ibirama é ter a certeza que o processo civilizatório ainda não acabou. ele se afirma na condição de que o brasileiro ainda está sendo feito! pois o xokleng só será aceito no momento em que deixar de sê-lo.

1 Comments:

Blogger Gil Maulin said...

pois é meu caro,
a condição de professor me limita dentro de uma lógica de mercadoria do saber. quem vende melhor? eu ou o dono da faculdade?

5:25 PM  

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