eu de mim

04 maio 2006

conversa nº 2

maneira solúvel de amanhecer:
sem a cueca.
nu diante dessa mulher.
meu fétido corpo que se nega sobre a condição de sê-lo,
formando constrangedoras manhãs.
as que dividem o reflexo ao meio.
num meio sem imagem.
sem metade.
nu
diante de si mesmo.
sem fronteira movediça que me leve de mim.
que me distraia entre uma rusga e outra.
que forneça o querer medido de
todos os leitos sobre mim.
de querer ser da mulher, sua fêmea.
sendo-a quando gozo.
sendo-me quando me caio.
faxina sem hora extra
que desarruma os meus passeios da casa,
que contrai o sexo ereto,
e infla numa dor demasiada,
que me soletra entre uma mijada de cerveja e um arroto de coca-cola,
forjando o dia em que permaneça só diante de mim.
solvendo a intrusa desatenção sobre o que me pesa.

março, 2004

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Interessante.... mas gosto mais do estilo do texto abaixo....

estou voltando a entender seus textos....

4:25 PM  

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