eu de mim

08 fevereiro 2007

daqui do chão

daqui me falto aos berros. em busca da palavra ouvida. sem rasura. flerte com uma espécie de verdade. que encarne bem a febre de janeiro. do corpo que caiu. daquilo sem poema. daquilo que é menos cenário. menos repetição. mais fotografia. menos novela. muito mais próximo. da desconfiança do passado sem mistérios. de um presente que sempre foi mais ausente. quero o flerte das possibilidades diárias. dos desvios. dos tombos. das quebras de muro e cara. da barba crescendo. do menino me fugindo da mão. num rasgo de ouvido. do chinelo na cara. da porca miséria humana que disfarço na mentira da missa de domingo. sem convênios com a felicidade rápida e fácil, e sem financiamento. quero tê-la por ela mesma. retumbante. flacida de tanto rir. que seja um bom esconderijo para os "abandonos" do cotidiano. como prece que não represa o ar rarefeito paceño, suavizando-se com uma deliciosa salteña e um assanto à calle vicenti 455. como pedaços de memória infantil que se guarda dentre as boas coisas de uma vida cheia de talhos, e que se conserva ao direito de arrebentar com o peso das pedras de um tal muro donde as coisas são criadas para uma tradição de tragédias. que se tornem quintais da casa do morro pra que os bichos mordam com os dentes, dilacerando aquilo que não tem nome. fortificando novos endereços e destinos. novas boas novas. da mutalidade de um comprimento de ciclo. pra dizer das boas maneiras de arcar com os desafetos do momento. e virando foto. quadro a quadro dentro de um retrato disso que não consigo dizer ou dar nome. mas que sirva como algodão aos ferimentos daquilo que chamam alma. daquilo que também é chão.