eu de mim

18 fevereiro 2007

eu de mim

acabei de me ver dentro de um ônibus. livro colado nas mãos. procura de menos silêncio pra rascunhar melhores palavras que sirvam de tradução. acabei de saltar de um ônibus em movimento. tudo em susto. 60km/h. cabeça no asfalto. ruas de carnavais. e minha folia é uma máscara amarrotada. mas consegui preservar o espelho. ver da imagem que segue pra correr pra algum lugar. sigo por horas. caminhadas largas e o pé doendo. nervo pra fora. vomito de agora. meu almoço em mesas vertiginosas. todo assombro pela avenida. foliões de santo antônio. o maracatu dentro de mim. soltou fogueira. lascas de pedra pra abrir a cabeça e tudo poder mudar. em mudança de tudo. rumo. fumo. durmo. soturno. em minha noturna fumaça de vida. com minha escrita pobre. e meus cinemas para serem lidos. e minhas conversas para serem reescritas. fundidas na invenção do amanhã. pois me invento mais disso que me desgoverna. que me fere a ferro quente. que pela madrugada costumo sonhar coisas boas. e mundo que gira. fere a mudança. fere aqui. fere mais que pra dentro. donde não consigo ver. quero pra agora toda mudança necessária para que consiga ser aceito por mim mesmo. nem mais ninguém, apenas eu de mim.