eu de mim

08 novembro 2006

cabeça de prego

cabeça de prego é um tipo de sujeito. dequele que se reproduz facilmente nos aparatos de trânsito, dentro de uma repartição pública, dentro de casa, do celeiro, da cova. por fim, é sujeito já pré-concebido. tudo dele quase se sabe. já se dá como acabado. é daquele tipo que acha que já nasce sabendo das coisas. sujeito maneiro. um falso malandro. sujeito sem rua. anda mesmo é de carro. vê o mundo através dos olhos do seu ensebado umbigo. quase nasce. ele é parido dele mesmo. o mundo é seu centro. não existem vizinhos, mas os que moram ao lado dele. não existem aqueles, mas daquilo que pode fazer deles. é sujeito sem princípio. não caga. quase se pensa. arrota asneiras. elenca palavras-chave para enrolar uma conversinha. é sujeito molenga. não que isso seja sinal de preguiça, não é isso... se o fosse, restaria alguma salvação! mas é sinal de inanição. é o sujeito idiota. o salafrário. daquele risinho sem cor. um esnobe sem qualidades. um quadrupede. rumina. disfarça inteligência. acho que até deve sofrer um pouco dessa, mas é covarde demais para tal salto. anda ereto por princípios de espécie, pois caso contrário, estaria no meio das hienas. sabe, hiena?! aquele bicho que vive de restos dos outros animais nas savanas africanas... pois é, o cabeça de prego é um sujeito sem crise. que não se pergunta. que arrota a ignorância dos que sabem de tudo. é aquele que contribui com a noção de que existe vida inteligente num estado de amebiase. tal como as amebas, o cabeça de prego também procria. fica com aquele olhar de paisagem, de que tudo tá na mão. e de que a vida só se faz através de imagem de televisão. não entende que a vida é um instante de várias provocações, e que dentro de cada uma delas podemos sair para encontrar ou inventar um lugar além de um mundo de falsas impressões. pena que o sujeito em questão não saiba que ler também é descobrir que as coisas ditas de outras formas são interrogações a respeito do desaviso do furo da entrada da casa.